SÃO PAULO, SP, BRASIL - 17/03/2020 - PREVENÇÃO CORONAVÍRUS - SP - Circulação de pessoas na Av. Paulista com máscaras para prevenção ao Coronavírus. Foto: Ian Maenfeld/Folhapress
Após um bom tempo dedicado à registrar histórias de forma independente com seu trabalho na fotografia documental e no fotojornalismo, o fotógrafo Ian Maenfeld jamais registrou um contexto semelhante ao avanço do COVID-19, que se alastra hoje em todo o território brasileiro.
O novo coronavírus é responsável pela maior mudança de hábitos sociais que acompanhamos em toda a história. No Brasil ainda é difícil assimilar essa mudança repentina: quarentena com recomendação de não sair de casa, frotas de ônibus reduzidas e, em muitas cidades até suspensa, fechamento do comércio, entre outras medidas.
O Estado de São Paulo já tem mais de 20 mortes por COVID-19 confirmadas, segundo boletim divulgado pela Secretaria da Saúde de SP no último domingo (22). Somente na capital de São Paulo, são mais 400 casos confirmados. A cidade, que é conhecida pelo fluxo constante e intenso nas ruas, trânsito, pontos comerciais e turísticos, já começa a mostrar timidamente que a população se preocupa com o COVID-19.
Na Avenida mais famosa de São Paulo, a Paulista, o fluxo no mês de março foi constante, pelo menos até na semana passada. O fotógrafo Ian Maenfeld, já habituado com o fluxo, sobretudo por suas fotos retratarem com frequênci o quotidiano paulista, foi para a rua durante o mês de fevereiro e março, e registrou o início tímido dessa prevenção.
Neste momento, o Presidente da República Jair Bolsonaro minimiza insistentemente a pandemia e além de não anunciar nenhuma medida restritiva, como o isolamento social, ainda toma decisões de proteção ao empresariado e à economia e contra a população e o trabalhador, como a recente MP publicada nesta segunda-feira (23) que suspende os contratos de trabalho por 4 meses.
Dessa forma, abandonando o trabalhador durante os quatro meses principais de contenção da propragação do vírus, por meio do isolamento social, Bolsonaro demonstra executar um projeto de extermínio da população brasileira por parte da República, para priorizar a economia. Não fossem as decisões tomadas pelos Governadores de diversos Estados brasileiros, que se anteciparam à inércia do Planalto e implementaram suas medidas, talvez o vírus fosse tratado ainda com mais descaso e provocando a morte de milhares de pessoas por omissão.
De toda forma, muitos trabalhadores que ainda não possuem resguardo ou não tem a opção da quarentena continuam nas ruas. Alguns tentando se proteger com máscaras e outros carregando consigo o medo e a ansiedade que assola toda a população brasileira, sem saber se amanhã tudo poderá voltar a ser como antes.