O desmatamento durante o governo de Jair Bolsonaro cresceu quase 100% nas áreas protegidas de toda Amazônia Legal. O Parque Estadual do Cristalino II, em Mato Grosso, registrou um aumento de 569% no desmatamento em comparação com o ano anterior. Para as Unidades de Conservação (UC) estaduais, o ano de 2022 apresentou a quarta alta consecutiva durante o governo Bolsonaro.
Em todo território nacional, as terras indígenas, parques nacionais e outras categorias de unidades de conservação perderam 94% a mais de floresta do que nos últimos quatro anos aponta relatório do Instituto Socioambiental (ISA), a partir de dados do PRODES, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

As Terras Indígenas (TIs) foram as mais impactadas, com um aumento de 157% no desmatamento. Outras categorias, tais como em UC federais de proteção integral e uso sustentável, registraram aumentos de 111% e 116%, respectivamente. Os Territórios Quilombola (TQs) amazônicos registraram um aumento de 13%.
Cerca de 85% da devastação acontecem em apenas 20, dos 261 territórios indígenas analisados pelo ISA. Grande parte desse desmatamento ocorreu na bacia do Rio Xingu, onde cinco TIs (Apyterewa, Cachoeira Seca, Ituna/Itatá, Trincheira/Bacajá e Kayapó) responderam por 59,4% do desmatamento registrado nas TIs.
O Sul da Amazônia Legal, entre Rondônia e o Amazonas, têm as TIs com maior aumento no desmatamento , chegando a 100% em comparação com o ano anterior. Com destaque para as TIs Ituna/Itatá (aumento de 303%), Karipuna (163%), Tenharim Marmelos (160%), Menkragnoti (127%), Panará (174%), Vale do Javari (184%), Parakanã (305%) e Arariboia (437%).
Já o desmatamento das UCs federais está concentrado em nove áreas, que correspondem a 85% das derrubadas registradas. São elas: APA do Tapajós, Flona do Jamanxim, Resex Chico Mendes, Esec da Terra do Meio, Flona de Altamira, Flona de Urupadi, Parna do Jamanxim, Parna Mapinguari e Flona do Amanã.

O documento destaca a Flona de Urupadi, na região da BR-319, próximo a Lábrea, no Amazonas, com o alarmante crescimento de 436% no desmatamento em comparação com o ano anterior.
Segundo o ISA, o enfraquecimento dos órgãos de fiscalização e controle, especialmente o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável especificamente por proteger, monitorar e fiscalizar as UCs federais é a principal razão para essa perda de floresta.
O cenário de pressão atual fica evidente e ressalta o importante papel das áreas protegidas para preservação da Amazônia.
A perda de eficácia na contensão do desmatamento ilegal tem sido registrada em diversas áreas protegidas, onde segundo dados do MapBiomas (1985 a 2020), a taxa de desmatamento no interior de algumas áreas protegidas e no seu entorno foram maiores do que no bioma
Amazônia, o que sinaliza a chegada das frentes de pressão no interior dessas áreas.