Tamanduás resgatados nos incêndios de 2021 retornam ao Pantanal

Dois tamanduás-bandeira, Cecília e Darlan, foram reintroduzidos à natureza após dois anos fora do seu habitat, no pantanal.  Ambos foram resgatados nos incêndios no Pantanal em 2021 pela Proteção Animal Mundial, organização que atua como patrocinadora e consultora do projeto Órfãos do Fogo, criado para assistir os animais resgatados dos incêndios e realizado pelo Instituto Tamanduá. 

Cecilia. Maio/2022 – Crédito: Instituto Tamanduá.

Os animais chegaram ao Instituto Tamanduá após serem resgatados pela Polícia Ambiental. Cecília foi encontrada ao lado de sua mãe, vítima de um atropelamento. Provavelmente, o animal fugiu do incêndio e de uma área devastada pelo fogo, à procura de um local mais adequado para viver com os recursos necessários. Já Darlan foi localizado em junho de 2021. Ele estava sozinho em área rural próxima a um incêndio, com apenas 20 dias de vida. 

A soltura é uma oportunidade para alertarmos a população sobre o impacto dos incêndios no habitat de milhões de animais silvestres. Muitas vezes, as queimadas são originárias da plantação de grãos para alimentação de animais de produção, ou seja, estão diretamente ligadas à alta demanda pelo consumo de carne e às escolhas individuais que fazemos todos os dias.

Roberto Vieto – Proteção Animal Mundial 

Na sequência foram encaminhados para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo Grande. Depois de receberem o atendimento necessário, Cecília e Darlan passaram a ser cuidados em um recinto de adaptação. No local, foram estimulados para aprender comportamentos naturais de sua espécie até atingir a maturidade. Agora, com quase dois anos, estão seguros para voltar a viver uma vida selvagem. 

Cecília e Darlan no recinto de imersão do Instituto Tamanduá, um dia antes da soltura. Foto: Proteção Animal Mundial.

“No recinto de adaptação, os tamanduás apresentaram comportamentos bem diferentes. Cecília sempre teve um instinto mais exploratório, enquanto Darlan era mais desconfiado e medroso. Esse comportamento foi totalmente diferente no momento da soltura, Darlan logo se aventurou na vegetação fechada, já Cecília demorou algum tempo para começar a se expressar com mais naturalidade”, conta Júlia Trevisan, analista de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial.

“Entender que cada animal tem uma personalidade única é a base do trabalho da Proteção Animal Mundial, a senciência animal norteia todas as nossas ações, campanhas, projetos e parcerias”, completa Júlia. 

Cecília e Darlan serão monitorados com o auxílio de rádio-colar por dois anos. Dessa forma, as equipes conseguirão avaliar o sucesso da reabilitação e se Cecília procriou. Além de olhar para o indivíduo, o equipamento serve como instrumento de pesquisa, ajudando a entender os comportamentos naturais e deslocamento em vida livre.

Cecília em seus primeiros momentos em vida livre, com o rádio-colete. Foto: Proteção Animal Mundial.
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