Após mais um desastre natural causado pelo clima, uma pesquisa da Ipsos feita em 34 países reascendo o alerta para um dado alarmante: 49% dos brasileiros acreditam que vão precisar mudar de endereço nos próximos 25 anos devido às mudanças climáticas. O país é o 3º colocado do ranking mundial.
O índice está acima da média global, que é 35%. O primeiro colocado do ranking é a Índia, onde 65% das pessoas acham que vão precisar se mudar por causa das alterações bruscas no clima.
No Brasil, 71% dos entrevistados disseram crer que as mudanças climáticas terão um efeito severo nos locais onde moram já nos próximos 10 anos. A média global neste cenário é idêntica à registrada no Brasil: 71%. Em Portugal, 88% concordam com esta projeção, o maior percentual entre as nações que integram o estudo.
Além disso, 63% dos brasileiros afirmaram que as mudanças climáticas já tiveram um efeito grave onde vivem. A média global é de 56%. O primeiro colocado da lista é o México, que registrou índice de 75%.
A pesquisa ‘Climate Change: Severity of Effects and Expectations of Displacement’ foi realizada pela Ipsos entre julho e agosto de 2022 com 23.507 entrevistados, em 34 países: África do Sul, Alemanha, Austrália, Argentina, Arábia Saudita, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Holanda, Hungria, Índia, Indonésia, Irlanda, Itália, Japão, Malásia, México, Peru, Polônia, Portugal, Romênia, Suécia, Suíça, Tailândia e Turquia.
Mudanças climáticas e tragédias no Brasil
Essas situações têm sido cada vez mais comuns em vários estados brasileiros, cuja população tem sofrido diretamente os impactos das mudanças climáticas. Segundo o climatologista e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) Carlos Nobre, em entrevista à imprensa, a tragédia está diretamente associada às mudanças climáticas.
Logicamente que não é a primeira vez que uma chuva concentrada aconteceu na região, mas o que aponta a relação com o aquecimento global é que é um evento que está se tornando muito mais frequente. Se não tivesse nada a ver com o aquecimento global, estaria acontecendo com uma certa frequência, que seria menor do que a atual.
Carlos Nobre – Climatologista e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP).