Da redação
Foto de capa: Chico Batata/Greenpeace
O mês de fevereiro bateu o recorde de alertas de desmatamento na Amazônia em relação ao mesmo período do ano passado, chegando a 322 km², conforme os dados apresentados na última sexta-feira (10) pelo sistema Deter-B, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE). Os dados representam um aumento de 61,8% em relação ao mesmo mês no ano de 2022, que chegou a 199 km² de área desmatada.
O estado de Mato Grosso foi o que concentrou a maior área de alerta de desmatamento, somando 162 km², 50,3% do total, seguido dos estados do Pará e Amazonas, ambos com 46 km² (14.2% do total).
Os dados apontam que dos 772 municípios que compõem a Amazônia Legal, 204 foram notificados a respeito de alertas de desmatamento. Entre as 15 cidades com o maior número de alertas, oito estão em território mato-grossense, sendo: Feliz Natal, Porto dos Gaúchos, Querência, Tabaporã, Juara, Paranaíta, Santa Carmem e Paranatinga. Juntos os municípios somam mais de 128 registros de alerta, o que representa mais da metade do total de alertas.
Já no mês de janeiro, o acumulado de alertas de desmatamento foi de 167 km², registrando uma queda de 61% em relação ao mesmo período em 2022.
Para Rômulo Batista, porta-voz da Amazônia do Greenpeace Brasil, o aumento dos alertas de desmatamento em fevereiro, comparado ao ano anterior, pode ser interpretado por inúmeros fatores.
Primeiro, é necessário entender a metodologia do programa de monitoramento realizado pelo INPE, que é referência nacional e internacional. Os sistemas são baseados em satélites ópticos e eles não conseguem enxergar abaixo das nuvens. Isso pode ter sido responsável por essas diferenças tão grandes nos dois primeiros meses, tendo em vista que estamos no inverno amazônico que se caracteriza pelas chuvas e coberturas de nuvens muito intensas. Ou seja, parte do desmatamento que foi registrado agora em fevereiro poderia ser do mês de janeiro ou até mesmo de outros meses anteriores, e também não basta olharmos apenas a quantidade de nuvens que temos a cada mês, mas também entender onde elas estão, já que a região sul e sudeste da Amazônia são as fronteiras de desmatamento mais ativos e a cobertura de nuvens não são homogénea na Amazônia.
Rômulo Batista – Greenpeace Brasil