Cinco autores indígenas preparam novos lançamentos para este ano; “Menino-Trovão” de Kaká Werá recebe “Selo Cátedra 10 Unesco” no próximo dia 18
Da redação/ Bruna Obadowski
Foto de capa: Luciano Avanço
Nos últimos anos, com o desafio das mudanças climáticas e a exposição frequente de conflitos enfrentados pelos povos indígenas, os olhares do Brasil e do mundo se voltam cada vez mais para essa população. Na literatura, essa realidade caminha para um cenário latente de publicações aprofundadas na cultura dos povos originários, com protagonismo indígena. Para se ter ideia, até o fim deste ano, cinco novos livros de literatura indígena, escrita por nativos, estão no radar para o lançamento.
Entre as obras com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2023 estão “Apytama – Floresta de histórias”, organizado pelo autor Kaká Werá, que apresenta um território de imagens e conceitos que traduzem a identidade e a consciência de pertencimento de uma cultura plural, cujos valores principais apontam para o cuidado com a natureza, com as diferenças, com o poder e com o reconhecimento da memória como portadora de saberes. A obra, voltada para o público juvenil, oferece em poemas, ensaios, crônicas e contos uma reflexão sobre a relação entre a natureza e o ser humano.
No segundo semestre, também no segmento de literatura infantojuvenil, a editora Moderna prevê o lançamento de “A Mãe Terra e o Bem Viver”, de Ademario Ribeiro Payayá; “Terra, rio e guerra – a sina de um curumim”, de Cristino Wapichana e “Poemas para curumins e cunhantãs”, de Thiago Hakiy.
A literatura indígena estar presente, principalmente nos meios escolares e espaços de aprendizado, é de vital importância, pois é por meio da literatura que se pode conhecer a alma de uma cultura, de um povo. E, por meio da alma, vem toda uma visão de mundo que nos permite, consequentemente, eliminar a ignorância em relação ao outro. Daí, nasce o respeito à diversidade e abre-se a possibilidade de aprendizados novos, diversos.
Kaká Werá – Autor de “Menino-Trovão”
O livro “Menino-Trovão”, catálogo da editora Moderna, conta a história de um menino da etnia tupi que teria sido o primeiro habitante da Terra. A obra recebeu o prêmio “Selo Cátedra 10 Unesco”, na edição de 2022. O prêmio será entregue em 18 de abril na PUC do Rio.
Também previsto este ano, Daniel Munduruku lança “Estações”, com ilustrações de Marilda Castanha. Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutor em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Daniel é hoje uma das mais importantes vozes da literatura indígena brasileira e acumula dois prêmios Jabuti, além de outros tantos prêmios no Brasil e no exterior. Possui mais de 50 livros publicados, dois deles pela editora Moderna (“Antologia de contos indígenas de ensinamento – Tempo de histórias” e “Crônicas indígenas para rir e refletir na escola”),.
Na cultura indígena, a oralidade tem uma força muito grande e nós temos conquistado novos espaços, buscando dominar a literatura, a palavra escrita, para compartilhar nossos saberes, nossa cultura com cada vez mais leitores.
Daniel Munduruku – Autor paraense e indígena da etnia Munduruku