Katahirine: Lançada a primeira rede de cineastas mulheres indígenas do Brasil 

Da redação
Foto de capa: Live de lançamento/Katahirine

A produção audiovisual indígena é rica e conta com forte participação feminina, mas ainda é pouco conhecida dos brasileiros. Para mudar essa situação, foi lançada a Katahirine, a primeira rede de mulheres indígenas que se dedicam a produções audiovisuais. 

A rede nasce unindo 71 mulheres de 32 etnias – entre elas, nomes como Graci Guarani e Olinda Wanderley Yawar Tupinambá, diretora e codiretora do projeto Falas Da Terra, da TV Globo, e Patrícia Ferreira Pará Yxapy, diretora de filmes que já participaram de festivais no Brasil e no mundo, como o Doclisboa, em Portugal, a Berlinale, na Alemanha, e o Margareth Mead Film Festival, em Nova York, nos Estados Unidos. 

O lançamento da primeira rede audiovisual de mulheres indígenas do Brasil aconteceu no sábado, 29 de abril, em uma live no canal do Instituto Catitu no Youtube.

A Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas é aberta, coletiva e composta por mulheres que atuam nas áreas do audiovisual e comunicação. Seu principal objetivo é fortalecer a luta dos povos originários por meio do cinema. A rede nasce a partir da atuação do Instituto Catitu e começa a tomar forma com um mapeamento inédito das cineastas indígenas no Brasil. 

Para as mulheres de seu Conselho Curador, a construção do coletivo é fundamental para as lutas do movimento das mulheres originárias e seus povos,  O foco inicial do mapeamento e da construção da rede é no Brasil, mas a meta é abarcar cineastas de povos originários de outros países da América Latina.

A primeira iniciativa para dar visibilidade à produção audiovisual das mulheres indígenas é o site que foi lançado no dia 29 de abril. Ele funcionará como uma plataforma onde cada cineasta terá uma página com seu perfil, biografia e suas produções. Futuramente, a rede planeja promover encontros entre as realizadoras de todo o país e organizar mostras. A Katahirine atuará ainda no desenvolvimento de estratégias de fortalecimento do audiovisual indígena e na proposição de políticas públicas que atendam a produção do cinema feito pelas mulheres indígenas. 

O  trabalho aborda questões centrais dos povos indígenas, como a recuperação das memórias históricas, a reafirmação das identidades étnicas, a valorização dos conhecimentos tradicionais, das línguas e do papel das mulheres nas nossas sociedades.

Para Mari Corrêa, diretora do Instituto Catitu, responsável pela coordenação do projeto, o audiovisual tem sido uma ferramenta de luta das mulheres indígenas.  As produções cinematográficas têm contribuído para que elas reivindicam direitos, denunciem retrocessos e ocupem seu espaço na sociedade indígena e não indígena” reforça ela. 

 Origem da palavra Katahirine 

Katahirine é uma palavra da etnia Manchineri que significa constelação. Assim como o próprio nome sugere, Katahirine é a pluralidade, conexão e a união de mulheres diversas que se apoiam e promovem mulheres indígenas no audiovisual brasileiro. Dessa constelação participam mulheres de todos os biomas, de diferentes regiões e povos, mulheres indígenas que se uniram com o objetivo de fortalecer a luta dos povos originários por meio do audiovisual. 

A Rede Katahirine foi concebida pelo Instituto Catitu, organização que atua junto aos povos indígenas para o fortalecimento do protagonismo das mulheres e jovens na defesa de seus direitos por meio do uso de novas tecnologias como ferramentas para expressar, transmitir e compartilhar conhecimentos a partir de suas visões de mundo. 

 

 

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