São Sebastião: Tragédia completa um mês no mesmo período que IPCC aponta efeitos da crise climática no mundo

Da redação
Fotografia de capa: Diego Baravelli / Greenpeace

Completou-se um mês da tragédia ocorrida na cidade de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, no dia 18 de fevereiro, no qual fortes chuvas contribuíram para os deslizamentos de encostas, alagamentos, perdas materiais, milhares de pessoas desabrigadas e com o total de 65 óbitos, segundo dados divulgados pela Defesa Civil, sendo o bairro Vila Sahy a região mais atingida, com o maior número de mortes e desabrigados.

Neste mesmo momento em que a tragédia em São Sebastião é relembrada, acaba de ser divulgado, nesta segunda-feira (20), a última parte do 6º Relatório de Avaliação (AR6) Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC – sigla em inglês), que apresenta dados das principais causas, efeitos e soluções da crise climática no mundo e o que precisa ser feito com urgência para evitar um caminho de não retorno. Segundo o relatório, estamos caminhando para um aquecimento de 3 graus em 2100 caso não haja uma mudança de rota. 

Os pontos de atenção do relatório do IPCC dialogam com o ocorrido em São Sebastião e em outras cidades brasileiras, considerando que o documento demonstra que eventos extremos estão e irão se intensificar.

Segundo Daniela Costa, gerente de Clima e Justiça do Greenpeace Brasil, estamos assistindo, com cada vez mais frequência e intensidade, a eventos extremos destruindo casas e matando pessoas.

O acumulado de chuvas em São Sebastião chegou a 640mm em apenas 24 horas, isso é um reflexo da crise climática e cabe ao poder público trabalhar medidas para controlar a emissão de gases de efeito estufa, reduzir as taxas de desmatamento, promover o uso de energia renováveis e adaptar as cidades com participação das populações mais impactadas. É necessário também termos políticas habitacionais, de urbanização e de regularização fundiária destinadas à população negra e periférica para que elas possam se adaptar às mudanças do clima.

Daniela Costa – Greenpeace Brasil

Eventos extremos desta natureza têm ocorrido com muito mais frequência no início de 2023 em outras cidades do país, como São Paulo (SP), Olinda (PE), Caratinga (MG), Rio de Janeiro (RJ) e, recentemente, Manaus (AM). O fato de áreas em condições vulneráveis serem as mais atingidas pelas chuvas com mortes e perdas materiais é apontado como reflexo do racismo ambiental.

“As áreas atingidas pelos impactos climáticos são habitadas em sua maioria por pessoas negras e pobres, o que demonstra mais uma vez o descaso do poder público em romper essa herança colonialista e promover políticas públicas para assegurar vida digna de todos”, completa Daniela.

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