Ataque à floresta e seus defensores

Escritório regional do Conselho Nacional das Populações Extrativistas é alvo de atentado em Belém (PA) e integrantes do conselho são ameaçados de morte

Da redação/Bruna Obadowski
Foto de capa: Reprodução CNS/Pará

Há uma luta que ecoa pelas florestas do Brasil, uma batalha de décadas travada por populações que dependem da natureza para sobreviver, sob a mira dos grandes fazendeiros e latifundiários. Desta vez, o alvo foi o escritório regional do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, em Belém (PA), que nesta sexta-feira (21) sofreu um atentado.

O escritório foi invadido por homens armados que espancaram membros da instituição, roubaram documentos, dinheiro, computadores, televisão e equipamentos do projeto “Conexão Povos da Floresta”, que seriam instalados em territórios indígenas, extrativistas e quilombolas.

Além disso, os bandidos fizeram ameaças diretas ao CNS, ordenando que pare de fazer denúncias em relação a questões de terras e grilagens. Eles também alertaram sobre um possível retorno para executar membros do Conselho. Os ataques frequentes a essas comunidades expõem as ameaças e a violência por parte de grupos interessados em explorar seus territórios de forma ilegal.

Em nota pública, a diretoria do CNS informou que não irá se calar e continuará lutando contra as injustiças sofridas pelas populações extrativistas no Pará e em outros estados onde a organização atua. Ainda segundo a nota, o Conselho está tomando medidas para que as autoridades locais investiguem e encontrem os responsáveis pelo atentado.

Fundado em outubro de 1985, durante o I Encontro Nacional dos Seringueiros, em Brasília, o CNS é uma instituição importante na luta pelos direitos das populações extrativistas no Brasil. Sua criação foi resultado dos empates contra a expulsão da terra e a devastação da floresta, desenvolvida pelos Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STR), especialmente o de Xapuri, cujo presidente era Chico Mendes.

O atentado ocorrido em Belém é um ataque direto aos defensores dessas populações e à sua luta contra a exploração ilegal de recursos naturais e a invasão de terras. Para se ter ideia, de janeiro a setembro de 2019, houve um aumento de 76,3% no número de focos de incêndio em Unidades de Conservação. De acordo com o Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no mesmo período, foram detectados mais de 138 mil hectares (ha) com alertas de desmatamento em APs na Amazônia. Resultado direto da política antiambiental do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que reduziu as fiscalizações, sabotou órgãos de controle e incentivou o crime.

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